Oh
minha cara. A tua alegria ou a tua tristeza está betonada em minha cara. Se o
mundo vê a minha cara em memórias frescas agrafadas na testa ou em caminhos estreitos
com curvas e contracurvas, então ele vê você minha cara!
As
manhãs nubladas de carícias aceleram o fluxo de vida no meu interior. Sem contemplar
o passado nem o futuro, a cara sem olhos, me vejo em águas tranquilas.
Naquelas
manhãs de relevos empenados e marés altas, o amigo alheio governa o espaço
vazio, e me vejo em pêndulos dissonantes.
Naquelas
manhãs passivas de palavras mudas e mentes extravagantes, apenas as caras
falam, as mãos e as pernas executam as instruções do interior, me vejo sem vontade
e sem futuro. E a época restante continua com palpitações e fervuras que levam
cativo todos sonhos para a terra.
Nas
manhãs e dias de lavoura os meus homólogos lavradores contemplam em mim as águas
tranquilas, os pêndulos dissonantes e a mente extravagante. A minha cara é como
um prédio de vários andares e compartimentos. Alguns andares estão mais perto
da terra e outros mais perto dos céus. Uns mais conservados e outros mais
danificados. Tu és minha cara, oh minha cara! Quando os teus olhos estão
abertos os meus também são abertos; quando o teu coração caramunha, o meu caramunha
ainda mais.
Nada
faz sentido lançar uma pedra na tua cara, porquanto estaria a arrojar em minha
própria cara. Se as caras dos alheios se sobrepõem a sua, a maré pode baixar e
o barco afundar.
Não
permita, ó minha cara! Não permita que hajam espaços desertos. Não permita que
os espaços vazios da sua mente sejam preenchidos pelas espinhas lindas que
picam suavemente e preenchem o nosso prédio. Quando chega a noite o sono
trabalha para eles e o prédio permite que contemplem a instabilidade!
Todas
estas coisas colocam calos em nossos corações, e as manhãs nubladas serão como
o mel que alegra a mente. As marés altas e as tempestades serão como o amor que
relaxa a alma. A vontade e o futuro são prazerosos para sempre.
Joseph Katame
anotacoes.info@gmail.com