quinta-feira, 30 de junho de 2016

CARTA Nº4 À MINHA DONAIRE

Assunto: MINHA XODÓ

            Última vez escrevi num dia singular, incomum e extraordinário. Num dia de engrinaldas, que de certeza estavas auspiciosa. Num dia que era reservado para jubilar o grande MPIMI.

Desta vez escrevo-te num dia igualmente singular, mas não extraordinário. Num dia que Jeová emanou a minha Xodó. Num dia que sempre te tornarás bebé. Em todos os anos, a 08 de Janeiro te tornas um querubim. Não porque a idade diminui, mas porque este dia te recorda a época do pequerrucho, naqueles tempos que choravas e ninguém sabia os motivos e as pessoas riam-se; naqueles tempos que rias e ninguém sabia os motivos e identicamente riam-se de si; bufavas, comias arreia, choravas, brincavas, zangavas castamente.

            Escrevo-te desta vez para lhe dizer que és minha Xodó; para dizer que Deus lhe abençoe e lhe proteja; que Deus lhe dê muitas vivências e felicidades.

            Tu és a Xodó, minha Xodó, que faz meu coração doer de estima e bater de doçura. Meu anelo é estar conectado contigo para sempre ou “Forever” como diz o inglês. Escrevo-te para asseverar que a minha Donaire é minha cara, meu coração, cabeça e imagem. Por conseguinte, a sua alegria é minha alegria, ela que se encontra no monte Kilimanjaro; a sua tristeza é minha tristeza, mas esta encontra no fundo mais fundo da terra, e tanto o diado como Deus blindou-a para que nunca sobressaia até nós.

            A nossa afeição é tão linda do tamanho do universo, tão perfeita como o amor de Jesus e tão duradoira como a vida de Deus. Destarte, lhe imploro minha Donaire, minha Xodó: Sê forte com uma força que nunca existiu contra todas as forças malignas, demónios e malfeitores que se manifestam e investem de diversas formas para desconectar o nosso afecto; para nos aniquilar e achatar, e festejarem. Sê forte minha Xodó. Sê forte para que andemos de mãos, corpo e coração juntos para um futuro de sonhos ambiciosos concretizados.

            Para atermar, tenho palavras que não podem descrever a real situação do meu coração, mas que de forma singela digo te estimo minha Xodó.

Beijos do tamanho mais enorme do que qualquer coisa maior do mundo.

Joseph Katame

08/01/2015

domingo, 26 de junho de 2016

AXIOMAS E TEOREMAS DA PAZ EM MOÇAMBIQUE

AXIOMAS
Axioma 1: O povo moçambicano quer paz.
Axioma 2: O uso das armas acaba com a paz do povo moçambicano.
Axioma 3: O governo representa o povo que o elegeu.
Axioma 4: As decisões do estado devem reflectir a vontade do povo.
Axioma 5: Em Moçambique existem acadêmicos, Doutores, Engenheiros, pensadores e pessoas de bom senso.

TEOREMAS
Teorema 1: O povo moçambicano tem capacidade de produzir consensos.

Prova: Suponhamos o contrário, ou seja o povo moçambicano não tem capacidade de produzir consensos. Então em Moçambique não existem acadêmicos, não existem Doutores, não existem Engenheiros, não existem pensadores; o que não constitui a verdade pois contradiz o axioma 5 , provando-se deste modo o teorema 1 por contradição. Ou seja em Moçambique existem acadêmicos, Doutores, Engenheiros, pensadores e pessoas de bom senso que conjugando os esforços podem produzir consensos.

Teorema 2 – sobre o estado actual da paz: A distância entre o diálogo e a violência cresce com o tempo, sendo a violência mais próxima de Moçambique.

Prova: Pelo método de indução matemática, temos:
Seja n o número de rondas de diálogo e dn, dn+1, dn+2, ... os resultados de n, n+1, n+2, ... rondas de diálogo.
1.      Para n=1, temos d1 = impasses + acusações + violência.
2.      Assuma que  para n=k é verdade, isto é dk = impasses+acusações+violência. Então é preciso mostrar que para n=k+1 é verdadeiro.

Desde que impasses+acusações+recurso a armas = dk, segue que [(impasses+acusações+violência) + (impasses+acusações+violência)] = dk + dk+1=2*( impasses+acusações+violência)=2*dk. Isto é a violência cresce com o tempo, provando-se deste modo que nos moldes actuais o teorema 2 é verdadeiro para qualquer número inteiro positivo n.

CARTA Nº3 À MINHA DONAIRE

Assunto: MPIMI


Desta vez te escrevo num dia singular, incomum, excelente, extraordinário. Num dia de engrinaldas, que de certeza estás auspiciosa. Escrevo-te para dizer que estou jucundo, radiante e faceiro pelo MPIMI. O MPIMI contribuiu de forma inusitada e exorbitante para a nossa pátria amada, a pátria de herois, a pátria que viu nascer a minha donaire que tem uma beleza nímia, uma beleza mais bela que a beleza, uma beleza colossal.

O MPIMI não só contribuiu para a pátria dos herois, a nossa pátria amada, como também produziu e colheu uma coisa muito catita, uma coisa única: a minha donaire. Nenhum outro heroi produzira ou produzirá uma boniteza, formusura, lindeza como tu és, minha donaire.

Escrevo-te para asseverar que a minha donaire é a imagem e a alma de MPIMI. Dessarte, a minha donaire deverá continuar as belas obras do MPIMI. Instruir-se, empreender, apostar, batalhar, e tornar-se audaz para que no futuro as Selénias e Maíras se sintam alardes e vangloriadas.

O MPIMI é um exemplo de batalha, de ofício. É o exemplo exemplar que Moçambique precisa. E quanto a mim, tenho a confessar que o MPIMI constitui também um guia para as minhas aspirações. Um guia para o meu caminho, uma luz para as minhas metas. E a minha Donaire deve ser assim, um exemplo de  MPIMI.

Para terminar, tenho a dizer que te adoro, te amo, te estimo, te gosto. Por isso, num dia como este, em que recordamos e jubilamos o MPIMI, tenho a dizer que todos nós, nos guiemos com a luz de MPIMI, com dedicação, determinação e rectidão.

Te amo

Joseph Katame
25/06/2014

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Um fim-de-semana de Cabangada

Estou a cumprir uma daquelas viagens de trabalho ofegante, no norte do país. Manhã, muito cedo, é reservada para uma pequena aeróbica ou aero hit no quarto ou ainda, uma caminhada de trinta minutos arredores do hotel. O telefone não deixa de tocar, ora mensagens ora chamadas que entram, algumas das quais obrigam uma pausa da gímnica.

As 08:00h inicia o lavouro que não tem hora de término, mesmo após o regresso ao hotel um conjunto de calhamaços deve ser analisado e digitalizado até tarde. As metas devem ser cumpridas. Não há horas extras, mas o apetite pela profissão é superior que o bagaço. É preciso trabalhar muito, duro e com gosto; o sucesso virá por si só.

E ao fim de semana, como é de se esperar, é reservado não só para o descanso como também para visitar familiares, amigos, locais turísticos e porque não dançar um pouco numa das discotecas que está a bater na praça. Então escolhi, servindo-me da lógica, visitar o meu irmãozinho Nkwamba. Ele vive naquelas bandas do bairro de expansão, e esse fim-de-semana está de folga no trabalho. Peguei a viatura 4x4 e fui. Pelo caminho avistei buracos na estrada, areal, pântanos e viaturas enterradas. Nem precisei accionar a tracção a quatro rodas, afinal aquelas situações ainda estavam muito aquém das capacidades do BT-50.

Cheguei após várias voltas, manobras, sms e chamadas, para localizar o Nkwamba, que estava numa sessão de cabangada. Num quintal e por baixo da mangueira estão sentadas ou de pé pessoas de todas as idades: as mães com crianças ao colo, adolescentes, jovens, homens, mulheres e idosos. Os baldes, troncos de árvores, caixas de cerveja, esteiras e bidões servem de assento. Motorizadas estacionadas e outras sendo exibidas pelos seus donos com acelerações e pequenos ralis. As pessoas sentadas em pequenos grupos que lembram as mesas redondas. Na verdade são as tradicionais mesas dos restaurantes.

Juntei-me ao grupo do Nkwamba no qual fui convidado a sentar-me na cadeira de plástico. A medida que me sentava, as pessoas dos outros grupos concentravam os seus olhares em mim, denunciando assim que se aperceberam da presença de um estranho naquele local. Agi naturalmente, ouvindo a música que aí tocava com volume exageradamente alto. Músicos e cantores locais eram predilectos. Consegui reter os seguintes nomes de músicos: Chimbunga, 11 balas e Dama Ija. As conversas, em tom alto devido ao barrulho, eram sobre assuntos actuais; o mais predominante era sobre EMATUM. Só ouvi e não contribuí, até porque alguém alertou-me que devia evitar comentar assuntos desta natureza porque “o país não está bom”.

Voltando ao que interessa para hoje. Perguntaram-me o que eu queria beber, mesmo sabendo que não haviam alternativas. Respondi que podia fazer companhia. Serviram-me a cabanga numa caneca de plástico. Cabanga é uma bebida de fabrico tradicional feita a partir do farelo de milho. Bebi um pouco, mas estava muito amarga e confessei ao meu irmãozinho que não conseguiria acabar. Nesse momento o Nkwamba alertou-me que existem vários sabores de cabanga: do mais doce ao mais amargo. Então solicitei o mais doce. Bebi com gosto os 500ml.

As conversas nos vários grupos da cabangada estava muito animada. Havia interacção entre os vários grupos. Para o efeito qualquer um dos elementos de um grupo poderia tomar iniciativa de interagir com o outro grupo, independentemente da distância que os separava, bastava elevar o tom da voz para ser ouvido. Outros dançavam esporadicamente com passos que lembram uma árvore abanando devido ao vento; com a descoordenação e falta de sustentação, os aplausos e assobios vinham de todos os lados. Era a cabanga relaxando as mentes diminuindo a lógica para quem assistia minimamente lúcido. A música local, a marrabenta, o pandza, e muitas variantes nacionais tinham o seu eco naquele local. Sim senhor, alí havia a verdadeira unidade nacional. Consumir a música moçambicana sem nenhuma descriminação regional ou tribal. Senti-me verdadeiro moçambicano, e as lágrimas não resistiram a tanta emoção, e questionei-me: porque irmãos matam outros irmãos? Não tive resposta.

A cabanga era servida em baldes de aproximadamente 5 litros e os consumidores retiravam do balde com recurso a uma caneca para os seus copos. “Kunogwa mwenu!” (é saborosa) ouvia-se num dos grupos o elogio pela qualidade da cabanga. Outros estavam já num estado pastoso que só ingeriam a cabanga inconscientemente sem noção do seu estado de embriaguez.

Notei que aquele lugar era um ponto de encontro entre amigos e familiares. Eram chamadas por aqui, sms por alí, as pessoas marcando encontro para a cabangada naquele local. Era também um local onde as crianças e adolescentes aprendiam a cabangada, e esqueciam os seus direitos e deveres. Aliás os direitos da criança estavam sendo violados a partir da exposição a que estão submetidas naquele local. Lembro-me ter visto um miúdo dos seus quase 12 anos “dando uma corneta” clandestinamente de um copo de cabanga. A sua mãe nem viu porque estava animada naquele papo que se desenvolvia no seu grupo, agravada pelo seu estado de memória relaxada!

As pessoas não paravam de chegar ao local a medida que ia escurecendo. Era chegada a hora de ir para o hotel. Não queria tomar mais, embora tivesse vontade de um pouco mais de cabanga, porque os 500ml tomados foram suficientes para o início de uma fase sem lógica de um indivíduo. Oxalá se todos pudessem medir e reconhecer os seus limites na cabangada!

Joseph Katame

terça-feira, 14 de junho de 2016

CARTA Nº2 À MINHA DONAIRE

Assunto: Me perdoe


            Te escrevo esta carta sem olhos para discortinar nem ar para resfolgar. Estou numa escuridão e num antro de muitas dubiedades. Apenas você Donaire, aliás minha Donaire, apenas você pode fornecer-me a argúcia necessária para que saia da negridão. E porque você é a minha refulgência, vela e rosácea não tenho como ficar com brio.
            Estou triste, minha Donaire. Estou triste porque a minha Donaire tem uma perspicácia inexata sobre mim. Não, não pode ser! Não sei o que posso fazer para que mude. Simplesmente pedindo que confie em mim.
            Nem tudo o que vê é indubitável ou acurado. Nem tudo o que ouve é veras. Só usando este princípio poderemos viver exultantes para sempre.
            Minha Donaire. Os adjacentes nunca são magnânimos, nem as amigas nem os colegas. Eles mostram-te os dentes e por traz de si arquitectam e constroem planos para te desbaratar.
            Minha Donaire. Eu te amo e sempre vou amar-te. Te amo mais do que o tamanho do planeta Terra. O amor que sinto é mais quente que o sol, mais doce que o mel e mais duro que o aço. Por isso, tire da cabeça o misantropo que só vai nos destruir. Se ainda me ama retire e queime a melindre que anda no seu íntimo. Queime até queimar. Queime e deite bem longe para que não volte a perturbar.
            Não precisas evidenciar a ninguém minha Donaire, nem alguém nem outrem que teu marido é ou não sisudo, devotado ou outra coisa pior. O que tens a provar é que tu amas o teu consorte, que pontificas o teu marido a fazer coisas boas.
            Por isso minha Donaire, se ainda me amas então esqueça o tormento, construa o futuro com teu consorte.
            Esqueça minha Donaire. Esqueça de pensar que teu marido não gosta de si ou pensa de esquecer que teu marido não gosta de si. Teu marido gosta de si mais do que a si próprio. Gosta mais do que qualquer outra coisa.
            Por fim minha Donaire, peço perdão por tudo de errado que já tenha feito. Não sou perfeito. Mas o amor que sinto por ti é o mais perfeito dos perfeitos.

Joseph Katame

anotacoes.info@gmail.com

segunda-feira, 6 de junho de 2016

CARTA Nº1 À MINHA DONAIRE

Título: Agora será assim!


Calma! Não te assustes minha Donaire. Lembras-te das cartas humildes que escrevi para si no passado? É natural que não se recorde, porque passa muito tempo que não escrevo para si minha Donaire. Mas não significa que me esquecí de si, e muito menos que não te amo. Eu te amo!

Eu te amo como por aí se diz: "Te amo como nunca amei ninguém". Não tem como não te amar. Tu és o meu coração que bombeia o sangue. Tu és o cérebro que me faz raciocinar. Tu és a visão que me faz ver. Tu és as minhas pernas que me fazem andar. Por isso não tem como não te amar minha Donaire. Tu és parte de mim. O mundo não pode dissociar uma parte de mim; nem a guerra de muxunguè, nem a guerra dos fofoqueiros, nem a guerra dos invejosos pode dissociar uma parte de mim, minha Donaire. Deus não deixaria, Mijigo não deixaria, Katame não deixaria, Mpiuka não deixaria e muito menos você minha Donaire. Aliás eu sou você e como tal deixar de te amar é deixar de amar a mim mesmo!

Agora será assim, minha Donaire! Registar com ortografia usando a tinta artesanal ou do então amigo LapTop ou ainda da família facebook, o que se passa em mim, para que minha Donaire possa coleccionar e adornar a biblioteca do nosso amor. Sim, será sempre assim! Para que nenhuma minhoca possa conseguir roer qualquer certeza ou nascer qualquer dúvida sobre a relutância do nosso amor. Será sempre assim. Até porque fica bonito, ter um milhão de milhares de textos como este arrumado na nossa biblioteca "Glamour". Imagine só, um dia já velhos, estas cartas servirão para reviver o passado e ensinar as nossas Selénias e Maíras.

Por isso, para terminar queria dizer uma coisa que já ia esquecendo. O que sinto por ti nenhúm cientista conseguiu inventar até hoje, e nunca mais alguém conseguirá. Nem os românticos conseguiram inventar o que eu sinto por ti. Nem mesmo o Luís Vaz de Camões conseguiu inventar o que sinto por ti. Porque o meu amor não só é fogo que arde sem se ver, como também é uma visão invisível, é uma estrela que não existe, é uma lua que não existe, é tudo o que não existe. Mas na verdade ele existe, está aqui bem dentro de mim, e ninguem pode encontrar nem tirar de mim. Por isso minha Donaire, isso será sempre assim!

Joseph Katame
06/06/2014

O pão do índico

Ao rebentar do sol és procurado.
Desejado por todos, desde os embriões até os arcaicos.
Ao cintilar do sol és ouro catado,
cantado e apetecido pelo índico.

Ao alvorar e ao escurecer és louvado!
A mamana com bebé ao colo aguarda horas a fio,
pelo pão que sai as ninharias, e o renque parado.
Não sente nem a chuva, nem a ventania nem o frio!

Ao raiar do sol és procurado.
Em filas perfumadas com a catinga, ramelas e plástico preto;
No bairro, no beco e na rua, mesmo com o preço pesado.

Ao cintilar do sol és ouro catado.
Ao matabicho, ao almoço e ao jantar és predilecto,
E o encarecimento é minorado!

A LUTA CONTRA O GUEINE

Sabe-se que o cidadão comum não quer a guerra. Os jovens e os idosos não querem a guerra. As mães e os pais não querem guerra. Os combatentes da liberdade também não querem a guerra! Nem a Renamo nem a Frelimo querem a guerra.